quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A casa, o homem e a terra

Do Livro "Lina Por Escrito", p. 47, um artigo da revista Domus, Lina escreve:

"A arquitetura moderna trouxe à precisa relação de TÉCNICA, ESTÉTICA e FUNÇÃO aquele complexo organismo que é a casa, e estabeleceu uma estreita ligação entre esta e a terra, a vida, o trabalho do homem. Montanhas, bosques, mar, rios, rochas, prados e campos são os fatores determinantes da forma da casa; o sol, o clima, os ventos determinam sua posição, a terra ao redor oferece o material para sua construção; assim, a casa surge ligada profundamente à terra, as suas proporções são ditadas por uma constante: a medida do homem; e ininterruptamente, com profunda harmonia, ali flui sua vida."

Sujeito social contemporâneo

Sobre o "diálogo surdo" entre Lina e Lúcio Costa, na introdução de "Lina Por Escrito", texto de Silvana Rubino, p. 34:

"O homem simples da casinha de pau a pique era um sujeito social contemporâneo, um presente popular que era também uma construção intelectual e política de Lina, do casal Bardi, da Habitat. Se o povo era arquiteto, capaz de construir obras corretas com poucos recursos, era um povo do presente, vivo nesse Brasil dos anos de redemocratização."

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Arquitetura Nova

"O lá, por ser um advérbio de lugar, também implica um novo espaço. Lugar de uma nova 'cultura urbana', que seja 'do povo' e feita 'pelo povo', lugar a 'ser inventado' da forma que quisermos. É também um espaço em transição, do rural para o urbano, imagem do que poderia ser a periferia da grande cidade se construída de uma forma coletiva e organizada. Rodrigo (Lefèvre) quer que a cultura rural também atinja a urbana para formar uma nova cultura, ao mesmo tempo popular, artesanal, solidária e científica, industrial, de massas. Sujeitos e sociedade reinventados, espaço e natureza repensados, como lugar de uma nova arquitetura democrática."

Arquitetura Nova - Pedro Fiori Arantes


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O traçado

"Embora não seja objeto deste trabalho, não podemos deixar de assinalar que as influências islâmicas também se manifestaram de forma incisiva na conformação das cidades brasileiras. Em geral, a acalorada discussão acadêmica levantada por Buarque de Holanda em torno das cidades 'ladrilhadas' (modelo espanhol) em oposição às cidades 'semeadas' (modelo português) não tem levado em consideração a formação histórica de Portugal. As plantas regulares foram introduzidas pelos romanos, ao passo que tanto os germanos como os berberes contribuíram com as plantas ditas - impropriamente - livres. A concepção de que somente as plantas regulares poderiam aspirar à categoria de 'planejamento' é preconceituosa e limitada. Mais do que isso, ignora a realidade evolutiva da significativa maioria das cidades brasileiras, que foram e continuam sendo um amálgama das duas tendências. Essa forma de compromisso começou com a primeira cidade explicitamente planejada: o plano regular que Tomé de Souza trouxe para a cidade de Salvador foi implantado junto à aldeia da Catarina de Paraguaçu e depois se expandiu pelo topo das colinas das redondezas, formando uma rede de vias públicas 'irregular'. Com a expansão da cidade, o centro regular foi reduzido a um episódio pouco relevante dentro do contexto geral do seu traçado. E os 'ladrilhadores' reinóis foram soterrados pelos 'semeadores' nativos."

WEIMER, Günter - Arquitetura Popular Brasileira, p. 106.

domingo, 6 de janeiro de 2013


"O homem está investido nas coisas e as coisas estão investidas nele."
Merleau-Ponty